Mais duas crianças violentadas e mortas no Paraná

Três casos de estupro e morte de crianças em uma semana. Casos monstruosos que chocam e revoltam. Por que tanta violência contra as crianças, meu Deus? Quantas crianças mais serão mortas para que se mudem as leis desse país?

Mais duas crianças violentadas e mortas no Paraná



Enquanto a Polícia Civil está empenhada na captura do assassino de Rachel, outro dois crimes chocaram os moradores das cidades de Castro, distante 35 quilômetros de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, e de Querência do Norte, no noroeste do Estado. Duas meninas, de 3 e 8 anos, foram brutalizadas e mortas por maníacos sexuais.



Alessandra Subtil Betim, 8 anos, que estava desaparecida desde as 16h de domingo, foi encontrada morta na manhã de ontem, em um matagal, a 500 metros da casa onde morava, no Conjunto Canta Galo II, periferia de Castro. Estava com a boca cheia de terra e com ataduras na vagina para estancar o sangue. Ela sofreu violência sexual.



O pai da garota, José Gerson Subtil, abalado, segurando a foto da filha, disse que ela costumava brincar com as irmãs e demais crianças da vizinhança, na rua de terra.

“A gente só se deu conta que ela estava desaparecida à noitinha, quando começou a busca com amigos e vizinhos”, contou. A família não procurou a polícia imediatamente porque acreditava que a menina estava na casa de algum parente. “De manhã, meu filho voltava pra casa, cansado de procurar por ela, e resolveu dar uma última olhada no mato. Ele a encontrou toda judiada e veio correndo avisar a polícia”, lamentou José.



Terra



O corpo de Alessandra estava em um barranco, em uma floresta, com vários carreiros. No local, a terra estava amassada, com galhos quebrados e moscas rodeavam o sangue da menina.

O corpo foi recolhido pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Ponta Grossa e, segundo testemunhas, ela tinha um corte na virilha, provocado quando o assassino cortou a calcinha. Provavelmente foi morta asfixiada com a terra, que tinha na boca. “A terra era diferente da que havia no local. No mato a terra tinha folhas. A que estava na boca dela era limpa, somente terra”, contou uma testemunha.

Violência preocupa a cidade

 Alessandra estava na 2.ª série do ensino fundamental, na Escola Municipal Doutor Lourival Leite de Carvalho. Morava com seis irmãos em uma casa modesta, na Rua EC-1, num conjunto residencial em que as ruas ainda não têm nome. No domingo ela tinha saído com as irmãs para comprar pão e, no meio do caminho, desistiu, avisando que iria voltar para casa. Neste percurso desapareceu.



Rosângela Procópio, tia da criança, contou que ela era pequena, franzina e muito parecida com a irmã mais nova, de 5 anos. “Ela era pequenininha mas muito esperta. Vivia correndo de um lugar para o outro. Gostava de estudar e tinha vários amigas”, contou.



Outros casos



Castro é uma cidade com pouco mais de 70 mil habitantes mas, segundo alguns moradores, assim como acontece nas cidades grandes, está infestada pelo crack. Desde o início do ano, dez pessoas foram assassinadas por conta do envolvimento com drogas. E os casos de pedofilia têm sido mais constantes do que se imagina.



Há cerca de quatro meses, a delegacia de Castro recebeu a denúncia de que um menino de 11 anos havia sido abusado sexualmente. O garoto, que estava sendo ameaçado com uma faca, aproveitou um descuido do maníaco e conseguiu fugir e avisar a polícia. Ninguém foi preso.



Há pouco mais de um mês, duas meninas, ambas de 11 anos, foram aliciadas por um homem que deu dinheiro para que ficassem nuas. Elas não foram violentadas, mas contaram para os pais, que procuraram a polícia.

Foragido é suspeito

Quando o corpo de Alessandra foi encontrado, o delegado Getúlio Moraes Vargas deu uma entrevista para uma rádio local, dizendo que estava trabalhando para encontrar o assassino. O principal suspeito seria um presidiário, foragido da delegacia em Ponta Grossa.

Até o início da noite de ontem, no entanto, o caso estava sem solução. Praticamente todo o policiamento do município foi mobilizado para investigar o caso, que deve contar também com o apoio da Secretaria da Segurança Pública, que descartou qualquer ligação entre as mortes de Rachel e de Alessandra.

Outra tragédia em Querência: vítima tinha 3 anos

Querência do Norte, município com pouco mais de 11 mil habitantes a noroeste do Estado, também sofre. Lá, a vítima Pámela Diele Pedra dos Santos tinha 3 anos.

A criança foi encontrada violentada e morta num matagal. Manoel Aparecido Tenório de Miranda, 20, foi preso e confessou o crime. Disse que matou para se vingar da mãe da menina, que não queria mais namorar com ele. Suspeita-se que ele violentou a vítima.



Edileuza José Pedra, 20, mãe de Pámela, viu a menina pela última vez por volta das 21h de domingo, quando colocou a criança no berço para dormir. Na manhã de ontem, ela deu pela falta da filha. Quando acordou, notou o berço vazio e a janela do quarto aberta.

A Polícia Militar foi chamada e iniciou buscas na região. Por volta das 13h, policiais encontraram as roupas da menina num matagal, a 500 metros da residência. Mais adiante, estava o corpo. A menina foi ferida no peito.



Prisão


A mãe contou que a última pessoa a sair da casa dela, domingo, foi Manoel. Ele foi procurá-la mais uma vez para reatar o namoro, mas Edileuza não aceitou, conforme explicou o delegado Marcolino Aparecido Costa, de Paranavaí.

Na casa do suspeito, PMs encontraram as roupas recém-lavadas, mas com resíduos de sangue. Manoel confessou o estupro e o assassinato. Ainda disse ao delegado que estava drogado e não lembrava do que fez.



Revolta


Cerca de 200 pessoas se aglomeraram em frente à delegacia durante o interrogatório do acusado. Os policiais se viram obrigados a levá-lo para Paranavaí, por medida de segurança. Mas ele poderá ser transferido para Curitiba.



Autuado por homicídio, quando exames confirmaram a violência sexual, também deverá ser indiciado por estupro e será investigado pela suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas na cidade.



Fonte:Paraná on Line