A FELICIDADE


A FELICIDADE



Por Gilberto Wiesel (*)   


   




            Se foi o tempo em que a família sentava-se na varanda para apreciar o por do sol ou cantarolar canções, dedilhando um violão.


            Se foi o tempo em que as horas de trabalho pareciam não ter mais fim, pois as tarefas exigidas a tempo já se encontravam encaminhadas.


            Se foi o tempo de longas conversas no final de semana com vizinhos, parentes, amigos.


            Se foi o tempo onde invernos aqueciam o coração das pessoas deixando as repousar em algum parque, refletindo sobre as belezas do lugar.


            Se foi o tempo onde a noite acolhia quem sentia-se só, em torno de uma deliciosa e longa conversa...


            Enfim, se foi o tempo para o outro.


            Por isso chegou o tempo onde a depressão está extremamente acentuada e ainda, atinge as pessoas cada vez mais cedo.


            Hoje a depressão é dez vezes mais freqüente do que era na década de 60. Ela também ataca cada vez mais cedo.Todas as idades são presas fáceis. Em todas as idades existe a solidão que nasce da falta de tempo em que as pessoas se encontram.


            Pais sem tempo para os filhos.


            Professores sem tempo para os pais.


            Diretores de organizações, sem tempo para os funcionários.


            Familiares que se obrigam a entender a falta de tempo uns dos outros.


            Vizinhos que se escondem para não serem solicitados.


            Por toda essa ausência de calor humano a felicidade está cada vez mais distante das pessoas. Criaram-se ao longo dos últimos anos, atalhos que prometem a felicidade imediata: drogas, consumismo, culto a futilidades, mergulho no trabalho, entre outros. Esses atalhos dão resultados instantâneos e, logo após, a depressão. Deduz-se que é por isso que famílias, escolas, organizações e empresas deveriam reconhecer cada vez mais que as necessidades humanas vão muito além de atalhos. Está na hora de voltarmos a implementar as estratégias simples das pessoas da década de 60. Elas deram certo, pois na simplicidade daqueles tempos o que mais havia era tempo e com ele o contato com o outro. Isso trazia a sensação de amparo e bem querer e o resultado: Pessoas mais felizes!









(*) Gilberto Wiesel é consultor de empresas, conferencista, empresário, escritor, agropecuarista e graduado em Administração de Empresas.

Foi colunista titular do Portal Brasil por alguns anos - Seu site: www.gilbertowiesel.com.br.